domingo, 27 de abril de 2008

Amor sem pedaço

Tenho pena dos amores em pedaços
Dos que não conhecem a plenitude do sentimento
a felicidade, angústia, riso, choro
Tenho medo do amor em pedaço,
daquele que é só carne ou só alma
aquele esperançoso,
aquele criador da expectativa de ter o outro.

O outro é um pedaço,
uma parte da humanidade,
é um corpo necessitado de um encaixe
da peça que acopla, acrescenta, preenche

o eu é um pedaço,
uma parte da humanidade,
é um corpo necessitado de um encaixe
da peça que acopla, acrescenta, preenche

Quero um amor sem pedaço,
com abraço, amasso, compasso, espaço
Quero um amor de aço
Com armadura, fechadura, chave e cadeado
Quero uma valsa e um heavy metal,
um acarajé e um escargot,
carícias e arranhões.
quero alma, carne e voz.

Não preciso de cacos.
A vida já foi feita em estilhaços.
E o que ainda vem... que venha sem pedaços.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Palavras jogadas e derramadas num amor


Gosto do avesso
Do pedaço de dentro,
Gosto que me gostem
e me encostem,
morda,
beija,
usa.

Tenho a certeza de possuir um amor
Não tenho certeza de que vale um amor
mas amo e gosto de ser amado;
De ouvir declarações públicas,
De sentir o pulsar do coração,
De estar no chão sentindo-me uma ave sem pouso,
Estar pronto para o momento a sós,
De caminhar junto
Beber um vinho, assistir a um filme


Gosto do dormir junto
De deitar só, sabendo que alguém pensa em mim
E que também estou pensando nesse alguém
Gosto da idéia de casar
Da rotina na minha intinerância
Gosto de estar longe dos antigos
dos que querem-nos
dos olhares.


Gosto das mensagens
E sinto falta delas


Não gosto da doença
mas amo um casal doente de amor
Gosto de mim
de ti
Nós... Sós.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Re-começo. E bom!


"Se meu mundo caiu
Eu que aprenda a levantar"
(Maysa)

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Nada muda os sonhos do garoto.

Passam os amigos, os amores, os contatos;
mudam os ventos, as vontades, as intenções;
mudam as palavras, o jeito, a afeição ;
muda, inclusive, a razão.

Os olhos tristes são finitos.
O esconderijo, aquele mais profundo, mais sofrido;
é um pedaço de terra obrigatório.

Mudam os lugares, as vilas, a vida.
Nada muda os sonhos do garoto.


Os fracos não têm vez

Ser Jovem é ser nada.
É viver constatemente no mundo de abutres onde os filhos não têm vez e só os pais podem brigar, fingir, mentir, matar.
Trazer o título de jovial é carregar consigo muitos outros títulos:
-Falta experiência! Incompetente pra quase tudo! Acha que o mundo vai terminar amanhã! Simplista! Complicado! Menino...
Carregar nas costas o símbolo da promessa da possibilidade do que virá a ser - exijo uma enfâse no substantivo possibilidade e no verbo vir - é a mais dificil tarefa em meio a pessoas que já deixaram de ser uma promessa, que já não são mais uma esperança. Ou já são ou nunca serão.
A juventude também é culpada. É fraca, porque não pede o que não tem, não briga pelo o que quer e não mostra o que é.
Para todos, e talvez para a própria juventude por uma questão de internalização, é um simples complemento de vida pra servir de lembrança nos corpos adultos e dignos de participarem da atividade terrestre. Ela é somente a bebida irresponsável, o sexo carnal que nunca um matrimônio conseguiu reproduzir, é a vontade de calar enquanto grita, é o corpo sadio à espera das rugas, enfim, é o tempo da fantasia que não serve pra nada. Os adolescentes existem para serem lembranças e amenizarem a dor de ser velho.
E as nossas palavras? E os nossos gestos? E nós?
Como eu queria ser ativo no chão onde piso, caminhar com tronco elevado, olhos fixos e palavras consistentes. Como eu queria deixar de ser a promessa e simplemente ser o pedaço que sou; desse jeito, com olhos, boca, pele e coração e sem cérebro.
Como é dificil para o mundo entender as limitações e conviver com elas. Nós não sabemos viver em nenhum momento da nossa estrada. Eu, um jovem, não sei viver; serei adulto e ainda assim não saberei. Como é dificil conviver entre os mais e menos limitados. As classes dividem-se e jogam fora quem quer que seja na hora que acham não precisar mais dessa pequena figura. E tudo o que já foi feito é inútil para uma nova realização. As palavras e os gestos mudam.
O carro correndo a 200km/h freia sem gasolina.
Os filhos-fracos crescem e desacreditam n'outros filhos-fracos.
Os abutres continuam a brigar pela comida para dar ao filho. Claro, porque o filho não consegue pegar um minímo de comida que seja. Ele não tem vez.
E por não ter vez é que só os adultos são competentes. Por não ter vez que ele não pode ser, não pode ganhar e não é. Não há vagas para quem quer, só para quem tem.
Não serei pai. Quando eu tiver, não vou criar alguém que quer e vê-lo sofrer por isso para ter e criar outro querer, que terá um que quererá, e terá mais um... outro e outro.
Ser jovem é ser nada.
E você? O que é?

sexta-feira, 28 de março de 2008


talvez seja só um grande algomerado de esperas. talvez não.

terça-feira, 25 de março de 2008

Crescer é integrar-se




Não sei quando os olhos de menino,
Aqueles que com sinceridade falam pela língua
E explodem de medo do mundo,
Será o do homem,
Aquele que impõe e intimida,
Aquele que traz respeito e sabe ser mudo.


Não sei quando a voz que não ecoa,
A voz que não é ouvida, que não tem fundamento
Por não ter tido tempo de fundamentar-se em teoria ou experiência alguma,
A voz do nada, do pobre não-malicioso
Será um grave e forte tom que toca nas paredes e volta aos ouvidos dos homens,
Será a voz de alguma lucidez, de alguém que merece ser ouvido.


Não sei quando os pêlos, as rugas e o tamanho me fará parte existente.
E a maturidade, aquela que só tem os que vivem - sofrem
Esta também não sei quando vem.
E a calma dos homens, por já se acostumarem com a idéia de viver,
Por conhecerem a grande fábrica onde as nossas peças são produzidas
E por talvez não sonharem, não veio a mim. Não está em mim.
E eu preciso dela! Preciso!




Eu não sei...
Não trago em mim as marcas de uma vida passada,
As diversas emoções da caminhada,
Nem carrego a sabedoria do que há dentro de mim.
E o mundo cobra o que não temos,
E a cobra tenta, morde, envenena e ri.
Pago caro por não saber.




Anuncio aos homens e a quem está comigo - os que não fazem parte
Que a futura idade se aproxima
E sei que a cobra morderá em diferentes pontos.
Não pagarei pelos meus olhos, pela minha voz, pele e tamanho,
Mas aparecerão outros custos e ainda pagarei caro.
E no silêncio, na calada do meu grito,
Anuncio e confirmo a mim mesmo:
Não sei quando vou morrer.


Arcades

sábado, 22 de março de 2008

Leitura Dramática na Wizard


Se você gostou da cena apresentada no II Festival Arte Teatro para todos, você não pode perder a leitura dramática do texto completo da obra.
O projeto de leituras dramáticas da OCA inicia suas atividades de 2008 nesta terça-feira.
Dia 25 às 20h no Teatro Wizard, apresentaremos a leitura dramática de " O Livro de Jó", texto feito pelo dramaturgo Luis Alberto de Abreu especialmente para o grupo paulista Teatro da Vertigem. E nós, mostraremos para o público alagoinhense essa grande obra-prima contemporânea. A entrada é franca.
Não percam!


A OCA LÊ - PROJETO DE LEITURAS DRAMÁTICAS
O LIVRO DE JÓ
25 DE MARÇO ÀS 20H, TEATRO WIZARD-ALAGOINHAS


DIREÇÃO: CAIO LINCOLN;
ELENCO: ANDRÉA LIMA,
BILOCA,
DANIEL ARCADES,
DEISE VIEIRA,
JHAN HERBERT,
MARCELO OLIVEIRA,
NANA LUANDA
E VÂNIA SANTANA.