terça-feira, 25 de março de 2008

Crescer é integrar-se




Não sei quando os olhos de menino,
Aqueles que com sinceridade falam pela língua
E explodem de medo do mundo,
Será o do homem,
Aquele que impõe e intimida,
Aquele que traz respeito e sabe ser mudo.


Não sei quando a voz que não ecoa,
A voz que não é ouvida, que não tem fundamento
Por não ter tido tempo de fundamentar-se em teoria ou experiência alguma,
A voz do nada, do pobre não-malicioso
Será um grave e forte tom que toca nas paredes e volta aos ouvidos dos homens,
Será a voz de alguma lucidez, de alguém que merece ser ouvido.


Não sei quando os pêlos, as rugas e o tamanho me fará parte existente.
E a maturidade, aquela que só tem os que vivem - sofrem
Esta também não sei quando vem.
E a calma dos homens, por já se acostumarem com a idéia de viver,
Por conhecerem a grande fábrica onde as nossas peças são produzidas
E por talvez não sonharem, não veio a mim. Não está em mim.
E eu preciso dela! Preciso!




Eu não sei...
Não trago em mim as marcas de uma vida passada,
As diversas emoções da caminhada,
Nem carrego a sabedoria do que há dentro de mim.
E o mundo cobra o que não temos,
E a cobra tenta, morde, envenena e ri.
Pago caro por não saber.




Anuncio aos homens e a quem está comigo - os que não fazem parte
Que a futura idade se aproxima
E sei que a cobra morderá em diferentes pontos.
Não pagarei pelos meus olhos, pela minha voz, pele e tamanho,
Mas aparecerão outros custos e ainda pagarei caro.
E no silêncio, na calada do meu grito,
Anuncio e confirmo a mim mesmo:
Não sei quando vou morrer.


Arcades

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