quarta-feira, 18 de junho de 2014

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Não, meu amor, é assim mesmo. Não tem e nunca vai haver nexo.
Porque o sentido sobre sentir é o mesmo presente no ato de nomear cada coisa e qual no absurdo existente. Gato, cachorro, periquito, pirulito, pinto, traição, solução, cadeira, espera, homem, travesseiro, vinho, cu, costela, bacon, gozo, gordo, orelha, pé, orelha em pé, liberdade, alfazema, alfafa, lágrima e pelo encravado. É assim mesmo e é bom que a gente acostume.
Desacostumar, outra arbitrariedade do sentir. Não, meu amor, essas lágrimas não tem um fim e nem esse sorriso é oposição a nada, é o tempo e o qual na lógica existente. Inexiste linha reta, rola um jump no peito, no pau, no pulso. Rola entre o ventre e os olhos um embrulho de tanta coisa. Uma náusea visual e uma flora labiríntica, um sal de fruta nos meu olhos e um colírio sobre os campos delgados.Não, meu amor, não é só isso. É a sua boca late-jante sobre a minha mesa de palavras onde escorre um fel do doce e uma calda quente ejacula ao pé do andor a dor e o amor. Não, não é nada disso, não é isso ou aquilo. Não me peça uma definição. Não.
Se perto, parece concreto.Se mais perto, muda o valor do distante. Se longe, a verdade se esconde. Se mais longe, a morte responde. Se sinto, não minto. Se minto, sinto uma camada a mais.
É só uma questão de querer, tão simples e complexo quanto nomear.Mas os semânticos e os apaixonados querem não querer viver, preferem saber se há gavetas o suficiente para todas as suas definições.
Por isso não é amor, meu amor. O que há aqui ainda não tem nome e prezo pela falta de pesquisa sobre tal. Basta saber que há. E há. Ah...

[Nos primeiros minutos do dia 18 de junho. Entre um vinho, um Phill Veras, um sonho louco e uma palpitação.]

domingo, 18 de maio de 2014

O que quero escrever

Sobre o amor, a dor e todas as coisas que são as mesmas coisas e nos fazem ser as mesmas coisas. Sobre o diferente e tudo aquilo que é diferença e é amor e dor. Sobre estar sendo e nunca Ser. Sobre ter ao lado e nunca Ter. Sobre viver, sobreviver e nunca morrer. Sobre a morte e a memória. Sobre esquecer. Porque morrer não é carne, é esquecimento.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

TÓIN ÓIN OIN

TÓIN ÓIN OIN
           

‘Minha nega que a lindeza é um dom
Tem cabelo ruim, mas um coração bom’

Meu pequeno idiota
Já está na hora de ir embora

“Não vai me chamar para o café ?”

A partir de hoje não sou mais tua mulher
meu homem que a burrice convém
não faço parte do seu harém
Qual a ruindade dos meus fios?
Sobre quais águas você passou, meu senhor?
Esqueça a princesa que te mantém.

Toma este aviso:
A lindeza é meu dom
A fortaleza é o sabor da beleza
Com meus fios fortes, homem
Torno belo o corte
Torno vivo o desenho dos cachos
E vem você dizer que ele é parvo?

Pois saiba que a minha deusa
Careca era linda
De trança mais ainda
Com um Black, então, sem noção.

“Foi brincadeira!”

Não fale mais besteiras
Eu só quero que você saia
Deite em outro leito
Durma com seu cabelo
Coloque do seu lado,
Beije seus fios,
penetre os seus cachos,
sinta o cheiro da chapinha
ouça uma declaração de cada cutícula
e goze na raiz.

Vai ficar feliz?

Ah, meu irmão
Vai ficar é na mão
Só para aprender a respeitar
Meu cabelo e meu lugar


Sinta o meu Ph.