domingo, 30 de junho de 2013

selva da noite



É outra coisa...
Há outro querer...
O sono falta como uma indigesta cobra engolida
um sapo monetário chacoalha a garganta
E o caos se estabelece no espaço físico

não quero papéis, não quero conversas, arrotos e vômitos
não quero arrojos, promessas, limpezas e amanhãs
tudo some na febre da lebre
resta uma vontade de ser cada vez mais tartaruga

Raspa a juba desse leão, raspa!
Crucifica-o! Crucifica-o!
você sempre come tudo errado e nem faz a sesta
você não vai à rua como quer e nem se tranca como deve
você fala com o mundo e não diz a ninguém
- qual a vontade que te mantém?

mostra os dentes deste cavalo, mostra!
Galopa sobre o caos e sela este peso do hoje
escraviza para ter o que alforriar
sua força ainda não te faz sumir

eu sei, tudo o que você quer é dormir

E talvez acordar


Alagoinhas, 30 de junho de 2013, 04:55

quinta-feira, 27 de junho de 2013

um micro-conto por dia

Não tinha tempo para escrever
Tinha muito tempo para pensar
no micro-conto vai arriscar

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Vista denotativa

A dor deveras só vem através dos olhos
Torna úmido o que acreditara estar seco
Fecha as portas da racionalidade
E dói, como uma agulha na íris, dói 

Seria o homem um sujeito tão pequeno
A não imperar seus próprios sentimentos?
Seria eu uma mentira do que digo
E a descoberta inoportuna de uma verdade...

Maldita,
Infindável,
Realista?

Qual ignorante secará o pranto da dor
Se os olhos reinam no choro de dentro?
Há pedaços de mau encaixe, estilhaços
Há nos olhos uma inoportuna verdade

Quantas vezes a dor se disfarça de bumerangue?
Se há uma plena certeza que voltará, e há.
Cegar ou viver?

Se possível fosse a opção,
Não ia falar disso, não.

Alagoinhas, 20 de junho