sexta-feira, 19 de abril de 2013

Sobre a morte


Eu vou morrer!
Este é o sentido vital: a morte.
O erotismo, o pornográfico, o prazer,
Só faz sentido se for pra morrer
Viver é caminhar.
Por isso o amor é sagrado
E a morte me transfigura e me acoberta de imagens
Imagens das mais variadas
As únicas que eu quero

Imagino na hora da morte pessoas fodendo
Fodendo constatemente, com todos
As pessoas na rua fodendo com gato, cachorro e papagaio
Outras trancadas fodendo somente com o que querem
Outros fodendo com o próprio corpo
Imagino que todos querem explodir de tesão

A morte deve ser esse ápice erótico
Essa gargalhada intalada no meu corpo
Esse gozar – dez litros de esperma explodindo em mim
Deve ser a penetração em um outro mundo
As outras artes da felicidade
Que em vida eu só alcanço fodendo

Eu vou morrer
Porque a morte é a continuidade de mim
Do meu corpo, do meu coração e do que não entendo em mim
Explodo dentro de pedaços
Como se deve explodir na caminhada de vivências e fudências e carências

Ai, eu vou morrer...
E como é gostosa a sensação de sair daqui
Mudar de rumo, apontar para o horizonte próximo
Derreter e empedrar essa volta
Que fica e fica e fica e fica e fica
Fincando na minha cabeça
Ousando na minha memória
Lembrando do que eu realmente quero lembrar


Eu vou morrer
E morrendo, deixo um rastro da putaria contigo
Um rastro de sacanagem, de risos, de prazer
De revolta e angústia
Deixo um rastro do querer ser

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Texto escrito em 2010 para ser o último trecho do espetáculo "Eróticos". Era uma grande brincadeira a favor do prazer... Lembrei dele agora.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Dois poemas do meu agora

""Bate um medo, desespero
Bate a ansiedade,
Bate a vergonha, a dificuldade
Bate o segredo, bate a exposição
Bate acelerado, calado, ousado
Bate mais forte,
Ah...
BATE
Bate. O que importa é que bate""


"Dos cantos

Odeio o pretérito imperfeito
Porque toda vez que ele vem
Ele ia, ia, ia, ia...
Essa desinência não me deixa ser
E sou daqueles que simplesmente é.

Não, o meio não é o lugar
Se há um lugar – a minha Parságada
Quero que seja encostado num abismo
Empurrado por um beijo
Caindo por um gozo

Gozaria caso não fosse assim?
Talvez, mas só eu sei de mim
E o que sei – se sei – é efêmero,
Casual, sapiência de momento
Prefiro dizer que gozei e gozarei.

Se o meu sussurro for um grito
Grito ao mundo e a você:
Morro amando.
Pois morrer é sinal de vida.
E a desinência... ia ia ia ia
Não nasceria."