terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Momento III


MásCaras – Momento III

Um cigarro é tão clichê, mas aqui está ele. O cigarro, uma música – Se o azul do céu escurecer/ E a alegria na Terra fenecer/ Não importa, querido/ Viverei do nosso amor...”e um desejo. Vontade de sair agora, olhar para o mundo, dar uma banana à La Vale Tudo e gritar na estrada sem rumo, sem norte, sem necessidade de parar em um lugar confortável. Vontade e sempre uma vontade. Não vou mais escrever, apaguei quase todos os cigarros nos meus dedos para não suportar escrever. E o que vou fazer? Agora, só dirigir. A palma da minha mão não escreve, mas dirige.

Amós: Um vinho quente é algo que ninguém merece quando se quer tomar um porre. E a única coisa que eu mereço hoje é isso: um porre para aguentar este porre de vida que me segura em pé, me implode e me...Calma, Amós, não era estar sozinho que você queria? Não foi assim que você começou essa história? Vinho ruim do diabo![...][...][...][...][...] Por que ligou ?

Eu sempre ligo

Amós: Eu li sua última carta. Só acho triste você jogar a culpa em mim.

Eu sempre jogo.

Amós: Eu sempre percebi.

Eu sempre soube.

Amós: E por que estamos assim?

Nós sempre tentamos.

Amós: Você realmente precisa disso?

Preciso. Você realmente quer ser assim?

Amós: Quero.

Eu sempre soube.

Amós: Eu também.

Não faz mais sentindo, não é?

Amós: O nosso erro foi expor tudo.

Quanto mais aguentaríamos?

Amós: A vida inteira.

Juntos?

Amós: Juntos.

Erramos, então?

Amós: Nós sempre erramos.

E você sempre soube disso. Sempre errou e me deixou errar e permitiu que isso construísse esse abismo todo.

Amós: Jogando a culpa de novo?

Eu sempre jogo.

Amós: Posso desligar?

Está com vontade de desligar?

Amós: Estou.

Não vamos nos ver por muito tempo.

Amós: Melhor assim.

“Excluir é uma ação de amor.” Não foi assim que você disse? Posso ler essa ação como uma mostra de amor? É isso que eu tenho que começar a enxergar? Uma forma de amar diferente da que eu sempre quis entre nós? Está excluindo, jogando tudo fora, criando lixo, esquecendo-se de mim por amor. É isso mesmo? E é essa ação que você acredita ser a mais racional possível? Hein, Amós, é isso? Me diz se é isso: me exclui porque me ama. Deixa eu entender isso, deixa eu lembrar no nosso primeiro momento de fim, das suas palavras e como eu reverti essa situação sem perceber. Quem quer o fim é você, eu já sei disso e já percebi, mas deixa eu entender direito.

Amós: [...][...][...][...][...][...]

Uma ponte. Meu celular. No mar.

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