MásCaras - Carta III
Cansei de escrever. Só escrevi
porque me pediu e já havia negado o seu primeiro pedido (“Fica.” Lembra?). Não
tenho mais o que escrever para você. Não, não vamos ser amigos porque eu não
quero que sejamos. Não vamos satisfazer nossas vontades sexuais como animais
que precisam foder a qualquer custo. Não vamos mais nada, aliás, nem vou mais
escrever.
...
Amós
...
M
AM
Eu
Meu
Será que é tão
imperceptível o desejo de como essas palavras cheguem até você por trás das
minhas escritas, do meu silêncio, do meu medo, do meu vazio gritando por um
momento de suspiro?Eu ainda escrevo, Amós. Suspira em mim o anseio de que esses sinais gráficos façam
algum sentido no seu coração. Aspiro ao lugar de causar em você qualquer
sensação que seja, menos a do silêncio, do medo, do vazio gritando por um
momento de suspiro. Ah, Amós, já há silêncio demais em mim.
Cansei de colocar em desenhos imódicos
(fonte Times New Roman, tamanho 72) as palavras que poderiam acalentar seu
coração e fazer com que viesse até a minha porta gritando e mostrando para o
mundo que sou eu, sempre serei eu e não há mais nada nem ninguém.
Você deve estar rindo agora. Até a palavra
mais estonteante não te tiraria do seu eixo para arrancar os mais belos
sorrisos que tinha guardado para você. E percebes o que virei? Alguém que só reclama,
só reclama e clama por algo que estava com o ponto final. Eu não devo escrever,
eu não vou escrever. Eu vou vomitar nestas palavras, eu vou vomitar palavras, eu vou vomitar você...
Amós, é um belo dia hoje e as
janelas do meu quarto estão fechadas. Devolva o sol para os meus olhos ou jogue terra nas minhas pálpebras de uma vez.
Por fim, atrás de outros momentos
sem você
Fieda
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