sexta-feira, 11 de março de 2011

O Inferno da paz

CENA I

                Escuro total. De repente, aparecem dois focos de luz no chão (de um modo que não seja possível a visão do cenário ao fundo) em cima deles, dois garotos de short, mochila nas costas e camiseta de estudante. Olhares no horizonte, parados. A primeira cena não é dinâmica. Totalmente parada, séria, sem muitos movimentos de gesticulação. Valorizar a expressão facial.

Marcelo: E agora, o que é que vai ser da minha vida?
Pedro: E agora, o que é que vai ser da minha vida?
Marcelo: Ué, você também não sabe?
Pedro: Não.
Marcelo: E o que é que vai ser da nossa vida?
Pedro: Não sei.

                Param e continuam olhando para o horizonte, tentando imaginar como seria a sua vida no futuro. A cena fica certo tempo em silêncio.

Marcelo: Um dia eu vou morrer.
Pedro: Eu também.
Marcelo: E se eu morrer amanhã?
Pedro: E se eu morrer amanhã?

                Param, se olham, mas ambos tem medo do olhar do outro, voltam ao horizonte.

Marcelo: Marcelo.
Pedro: Pedro.
Marcelo: 19 anos.
Pedro: 17 anos.
Marcelo: 17?
Pedro: 17.
Marcelo: E já pensa na morte?
Pedro: 19?
Marcelo: 19.
Pedro: E já pensa na morte?

                Se olham novamente e riem levemente.

Marcelo: Eu estou sozinho.
Pedro: Eu também.
Marcelo: Cheguei há pouco tempo.
Pedro: Eu também.
Marcelo: Eu preciso de amigos.
Pedro: Eu também.
Marcelo: Como é que a gente faz pra se conhecer?
Pedro: sei lá. Vai que os dias passem e o destino nos promova isso. Enquanto isso,  vou procurar uma amizade.
Marcelo: É, né? Então Tchau.
Pedro: Tchau.

                Black-out. Música urbana, buzinas, apito de guarda, tiros... Despertador.

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