sexta-feira, 31 de julho de 2009

Concordância verbal e sentimental

Andei pensando como pôr os verbos cada um em seu lugar
Se sou eu, enfio o verbo ser e em alto e bom tom digo: eu sou.
Se és tu, digo agora que não és. Só serás caso possas escolher o que queres.
Aliás, também não sou. Sou o que não sou. E o verbo mente para mim.
Se queres pôr o verbo em tua boca, diga-o com lamento que o verbo,
Essa ação imaginária, esse movimento doutrinado,
É um grande verborrágico.
E o verbo, aquele que diz a verdade, fala baixinho dois deles: esconder e precisar.

Se ele é o verbo, que diga então qual verbo é, e a partir daí verbalizarei com ele.
Se vós sois os verbos, sejam então aqueles macios, que acalentam,
que sussurram em boca de gente boa,
sejam verbos pequenos: doar e amar.

Se eles dizem que são, abro a boca e digo: NÃO SÃO.
Porque aqui, na vida real, o verbo não concorda com o sujeito. Vamos fugir da regra.
Já que o pronome precede e engana o verbo, a mentira é muito grande.
O nós, concorda com a primeira pessoa do singular.
O vós, concorda com a primeira pessoa do singular.
O eles, concorda com a primeira pessoa do singular.
Do singular.
A singularidade do verbo é a capacidade de nos enganar.
Concorda? Eu sim. A gramática não. A boca não. O coração sim.

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